O “wide mono” das gravações da década de 1970

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O “wide mono” das gravações da década de 1970

Durante a década de 1970 colecionadores de discos se viram às voltas com um retrocesso do som gravado, que apresentava uma mixagem próxima do som monaural, ao invés de um som estereofônico convencional. Nas edições posteriores em CD, esta mixagem foi mantida.

 

Quando o som estereofônico despontou nos discos produzidos pela indústria fonográfica (vide Audio Fidelity e Decca), a separação do som em dois canais foi propositalmente dramática, com a reprodução totalmente à esquerda e à direita, quase nada no meio. A mixagem exagerada foi chamada por alguns como “hard left” e “hard right”, respectivamente.

Os métodos de separação entre os canais foram incluídos em gravações de demonstração, vendidos na forma de elepês ou fitas magnéticas pré-gravadas, essas últimas de melhor qualidade.

É claro que, em se tratando de elepês, uma das preocupações das produções de discos de testes e de demonstração foi a de ver se o conjunto cápsula versus agulha era capaz de reproduzir o que foi gravado corretamente, o que nem sempre era o caso. Cápsulas sozinhas tendem a distorcer o som, desde a angulação da agulha até os erros de trilhagem derivados da curva do braço em cima do disco.

Mesmo assim, a presença do som estereofônico foi motivo de celebração durante vários anos. Diga-se de passagem, o elepê estereofônico custou a emplacar, porque a maioria das famílias havia se habituado com o uso da vitrola mono, para muitos suficientemente satisfatória. Em função disso, muitas gravadoras mixavam dois canais em mono, vide o início dos Beatles na Parlophone.

A volta ao Mono no disco estereofônico

Na década de 1970, aconteceu um retrocesso que ninguém esperava: algumas gravações passaram a mixar as fontes de múltiplos canais com uma separação muito, mas muito próxima do mono, e foram reconhecidas e rotuladas como “wide mono”, ou seja, mono “alargado”.

Até hoje, eu tenho gravações que mostram isso. Por qualquer motivo que eu desconheço, as remasterizações para CD preferiram manter a mixagem dos elepês, ao invés de remixar para o estéreo convencional.

E a gente que ouve isso ainda fica na dúvida do que se está ouvindo. Uma gravação de 1971, lançada pela gravadora Flying Dutchman Records, que eu tomo com exemplo, da orquestra de Count Basie, com o título Afrique, segue este princípio. O disco fora lançado em mais de um selo. Abaixo, eu mostro o CD da BMG, posterior detentora dos direitos da gravadora:

Fazendo uma simples análise no Foobar2000 é possível ver que o som original do disco é de fato estereofônico, mas a separação da mixagem é super restrita:

Quem nunca ouviu Afrique e quiser verificar a mixagem, é possível ter acesso a ela nos serviços de streaming.

O principal objetivo de uma gravação estereofônica deveria ser, a meu ver, a correta dispersão dos instrumentos no palco sonoro que é formado entre as caixas esquerda e direita, no caso de discos em 2 canais, ou no ambiente da sala inteiro, se o disco for multicanal.

As críticas e as análises publicadas na década de 1970 foram pesadas o suficiente para que as gravadoras abandonassem este formato de som mono em um disco estéreo. É fato que matrizes antigas estejam por aí perdidas ou destruídas pela má conservação nos depósitos, mas o usuário purista possivelmente irá preferir a mixagem do antigo elepê conservada na remasterização para o CD ou mídia similar, ou seja, nada de novo se irá esperar de um disco desses. [Webinsider]

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